sexta-feira, março 30, 2018

Um poeta, certa vez, sem brilho - em sua embriaguez, verteu mil versos verídicos, trovou todos os cânticos, e acenou ao ver a poesia o abandonar. A crueza factual ali reinava, nela parcimônia não se via posto que no agora persistia Estendeu-se no futuro a desandar. Quis de novo seu lirismo, desafinou versos sem rima, Quando viu tenso a figura e a ouviu clamar sincera por seus olhos que em espera convergiam àquele ser. Estrábico em sua concentração, também surdo - pouparia audição, ouviu o som daquela voz Que ressoou em sua vida num estupor de girassóis de sua dor a despedida Sobrevivente refletindo ao sol, Tal viés orgânico de luz, Bem se viu ali se expôs, A todo encanto vivo em prol.

O verter alcoólico

Trôpego nas andanças,
emulsificado em destilados,
eis que um lívido sopro literal
atravessou o real no meu mundo.

A despedida de um amor


Debrucei-me ao corpo ainda vivo,
velando sua branca pele ainda em flor,
foi com você que sempre quis dar-me ao amor,
mas já não eras, abstraías num róseo vapor...

Ditos de um amigo

Meu companheiro,
passeando noutros ares,
volto a ti meu pensar,
e vislumbro a particular incidência
que enseja a apreciação dialética de nossas visões.

Na memória,
arquivos corrompidos de puro saber,
fragmentos imersos em subjetividade,
foram, pela musicalidade,
sabiamente representados.

Nìveis exorbitantes de prazer
multifrequencial,
momentos de evidente excitação
tímpano-sensorial,
ébrios toques em meio ao caos
eis que se erigiu o reino de fantasia e quimeras,
Pigarro Seco.